Receitas em seu principal conceito são os recursos provenientes da venda de produtos ou de serviços. Ao passo que as despesas são todos os gastos administrativos que uma empresa precisa ter para manter sua estrutura funcional, certo?
Então podemos afirmar que a área da Manutenção certamente gera despesas para uma empresa como outra área qualquer, mas ela não gera receitas? O que você me diz a respeito?
Quando a empresa atinge suas metas de produção e vendas quem são lembrados como responsáveis por esses resultados, a Manutenção?
Certamente os louros vão para o pessoal da produção, comercial, PCP e a Manutenção nunca é lembrada nesse caso. Agora vai que os resultados não atingem o esperado por diversos motivos, quem vai ser lembrado nessa hora? Com certeza vai ter motivos para que nessa hora a nossa gloriosa Manutenção seja lembrada.
Quando as estratégias da Manutenção estão voltadas mais para o, quebra e conserta do que em estratégias de prevenção, isso é o resultado desse famoso “prestígio” do setor.
Quando os profissionais de manutenção são elogiados quando fazem consertos, isso acaba por promover uma cultura de aceitação de quebra/falhas de máquinas e equipamentos em um negócio.
Ao contrário disso, o setor de Manutenção deve ser usado para evitar que isso aconteça, não para ficar consertando o tempo todo.
Uma empresa sem Manutenção, como seria?
A Manutenção com certeza gera receitas porque sem ela não é possível manter em condições ideais as máquinas e equipamentos. Ou seja, tente executar uma operação no dia a dia sem manter máquinas e equipamentos em seus padrões de produtividade e confiabilidade.
Sem as estratégias adequadas de manutenção dos ativos de uma empresa, ora ou outra a produção será afetada e a receita do negócio será prejudicada. Como consequência a empresa perderá faturamento (receitas), credibilidade, clientes, novos contratos e por aí vai.
É muito simples, sem uma manutenção adequada, nenhuma receita poderá ser mantida em níveis aceitáveis e muito menos seus clientes. Então, lhe pergunto, quão valioso é a Manutenção nas empresas? É menos valioso ou importante que as áreas de produção ou de vendas?
Não há produção nem vendas sem a Manutenção, por mais que uma empresa seja moderna e tenha ativos de última geração, sempre será necessário a intervenção da prevenção de quebras ou falhas por parte da Manutenção.
Mudança de cultura, Manutenção gerando receitas
Se a gestão da Manutenção quer começar uma cultura de eliminação de quebras e falhas em máquinas e equipamentos, é preciso começar a colocar um valor monetário nas paradas evitadas pela Manutenção.
Os profissionais do setor de Manutenção devem ser elogiados e reconhecidos pelas quebras e falhas que deixaram de acontecer.
A manutenção precisa ser elogiada pelo dinheiro que gera para uma empresa, não criticada pela perda de receita por máquinas e equipamentos quebrando a toda hora.
Se a gestão de Manutenção medisse o quanto em dinheiro deixaram de perder em receitas por evitar quebra/falhas, isso seria com certeza um alto valor financeiro. Fazendo isso, seria evidenciado a alta gestão da empresa o quanto à Manutenção é uma área valiosa.
Monetizando as consequências evitadas pela Manutenção
A gestão da Manutenção precisa mostrar o valor em dinheiro que eles trazem para o negócio. As áreas de produção podem mostrar o quanto produziram no mês e as vendas podem mostrar o quanto venderam, e a Manutenção mostraria o que?
A Manutenção deveria mostrar o quanto de dinheiro evitaram que fosse perdido em produção e vendas se quebras e falhas não fossem evitadas.
Portanto podemos medir o valor da Manutenção para uma empresa apontando o valor das paradas que foram evitadas.
Um valor importante que deve ser mostrado como indicador (KPI) cada mês é o valor financeiro realizado no faturamento de vendas devido a prevenção de quebras ou falhas que foram evitadas.
Paralelo a esse indicador, outro de suma importância é o KPI do MTBF que mostra o intervalo em horas entre uma parada e outra para manutenção corretiva ou reativa.
Esses dois indicadores são diretamente proporcionais, ou seja, quanto maior o meu MTBF, maior será o indicador de receita gerada pela Manutenção.
Vocês estão comigo nesse raciocínio ou pensam diferente e tem outras sugestões de indicadores e formas de medir a importância da Manutenção?
Identificando a prevenção de paradas
Numa programação de rota de lubrificação foram encontradas várias falhas de alguns itens que poderiam quebrar ou falhar a operação de uma máquina ou equipamento. Como era uma intervenção programada, os problemas foram corrigidos e se evitou problemas.
Uma correia perto de quebrar foi encontrada durante uma inspeção de rotina e foi substituída evitando uma parada inesperada. Numa bomba centrífuga foi identificado um problema de cavitação e a causa foi corrigida antes que a mesma falhasse.
Isso sem contar com as estratégias de manutenção preventiva e preditiva que com certeza evitam as maiores paradas. Se todas as irregularidades encontradas tivessem acontecido, eles teriam ocasionado uma grande perda financeira para a empresa em forma de perda produtividade e faturamento.
E essa perda não volta mais, não é possível recuperar pois tudo estava dentro de um planejamento que foi perdido. As correções pós quebra ou falhas são apenas amenizadas, nunca recuperadas em tempo e dinheiro.
Toda parada de produção que a Manutenção evita que aconteça por suas estratégias de prevenção, é dinheiro mantido para o faturamento final.
Portanto todos esses exemplos citados de paradas que foram evitadas, é possível mensurar o tempo que geraria de Manutenção e outros gastos com perdas de receitas.
Método de identificação dos gastos envolvidos
A identificação do valor das quebras ou falhas evitadas pela Manutenção pode ser feita usando algumas premissas. Baseado no livro “Defect and Failure True Cost” – por Mike Sondalini que se baseia no método “DAFT Costing” que avalia o impacto de quebra ou falha de máquinas e equipamentos.
Essas paradas inesperadas evitadas pela Manutenção mantêm o volume financeiro esperado no faturamento do mês. Esse cálculo do custo de DAFT Costing para as paradas se faz usando uma planilha para compilar o valor de todos os custos, conforme veremos a seguir.
É resultado da decomposição de custos caso houvesse uma parada inesperada, gastos que seriam “perdidos” e afetariam diretamente a receita/faturamento da empresa. Segue abaixo alguns itens usados segundo o método Daft Costing:
Trabalho: direto e indireto
Operadores, manutentores, supervisão, gestão, engenharia, horas extras, etc.
Desperdício de produto
Sucatear, nova produção, limpeza, reprocessamento/retrabalho, produção perdida, perda de vendas à vista, etc.
Materiais utilizados no reparo
Peças de reposição, peças fabricadas (materiais, soldagem, oficina de terceiros), expedição, armazenamento (espaço e manuseio), eliminação, mudanças de projeto, reabastecimento de estoque, controle de qualidade, etc.
Custos do ativo
Perda do OEE, desperdício de energia, ar comprimido, desligamento, perda entrega, reinicio, ineficiências, itens danificados, etc.
Impactos consequentes
Pagamentos de multas, perda de vendas ou contratos futuros, litígios e honorários legais, riscos de segurança do pessoal, retrabalho de produtos, etc.
Atividades de administração
Geração de documentos e relatórios, ordens de compra, tempo em reuniões e ocupação de salas de reunião, planejamento, mudanças de cronograma, investigações e auditorias, perdas de faturamento, etc.
São no geral itens que podem ser monetizados conforme cada caso, não é simples, mas é necessário entender esses gastos para demonstrar o valor da Manutenção. Podemos usar métodos mais simples do que baseados nos itens acima que elenco a seguir:
- Custo estimado de mão de obra desperdiçada da Manutenção e Produção;
- Volume financeiro estimado deixado de produzir durante o tempo de reparo;
- Valor dos itens trocados e materiais diversos que seriam necessários;
- Desperdício de energia elétrica e outros itens como água e ar comprimido;
- Desperdício de matéria prima e insumos, se for o caso.
Baseados nesses itens já podemos ter uma boa noção de valores que seriam desperdiçados em caso de paradas e que foram evitadas pela Manutenção. O que quero enfatizar com este artigo é que podemos valorizar muito as ações da Manutenção numa empresa.
Conclusão
Esse conceito de que a Manutenção “é um mal necessário” já está ultrapassado e que a gestão moderna tem a Manutenção com mesmo nível de importância que outras áreas da empresa.
O Manutenção em foco tem a especialidade de gestão nas áreas de manutenção e pode numa consultoria identificar pontos de melhorias em sua empresa.